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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

NOIVA DO CORDEIRO A TERRA DAS MULHERES SOLTEIRAS

 


Belo Vale é um município brasileiro do estado de Minas Gerais. Sua população estimada em 2010 era de 7.536 habitantes.

Por estar localizada no quadrilátero ferrífero, é uma cidade onde se notifica intensa atividade de extração de minério de ferro. A economia da cidade se vê voltada para a agricultura, evidenciada pela produção de Tangerina Pocan.

Belo Vale possui um setor turístico relativamente atrativo, onde encontra-se cachoeiras belíssimas, a famosa Fazenda Boa Esperança e o Museu do Escravo,com peças e utensílios usados pelos Senhores de Escravos, é o único museu no Brasil exclusivo da época da escravidão.

Seus principais distritos são: Salgado, Laranjeiras, Roças Novas, Costas, Pintos, Santana, Lajes, Curral Moreira, Chácara, Moreira, Posse, João Alves, Noiva do Cordeiro, Chacrinha, Pedra, Troia, Arrojado, Palmital, Boa Morte e Barra Nova.

Em termos de festividades, destacam-se a Semana Santa com encenações na praça da igreja, a festa de Nossa Senhora de Santana em 26 de julho, o rodeio, relaizado em setembro e o pré-carnaval Mamãe Virei Bicha, uma semana antes do carnaval.

Noiva do Cordeiro, a terra das mulheres solteiras

Um vilarejo no interior de Minas Gerais ganhou fama mundial depois de uma campanha pela procura de maridos. Mais do que mulheres solteiras, o local guarda um jeito de viver quase utópico.

A 125 quilômetros de Belo Horizonte, região central de Minas Gerais, uma pequena comunidade rural, no município de Belo Vale, ganhou fama recentemente: 

Noiva do Cordeiro. O pequeno vilarejo foi tema de manchetes na imprensa internacional. Sites britânicos, turcos, alemães, tailandeses, chineses e americanos divulgaram diferentes versões da mesma história. 

“Alerta aos solteiros: jovens de comunidade no Brasil estão em busca de homens.” “Cidade brasileira faz apelo aos solteiros.” “O vale das beldades brasileiras espera solteiros”, afirmou o Telegraph, de Londres. 

Nas redes sociais, homens interessados reagiram em mais de dez idiomas. “Como faço para chegar? Onde posso me hospedar?”, perguntavam.

Por enquanto, além de três jornalistas – um alemão, um inglês e um chinês –, nenhum estrangeiro chegou ao vilarejo para conhecer de perto as beldades. Aqueles que se arriscarem conhecerão uma história que vai além de moças casadouras. Sim, muitas estão solteiras. Mas não, elas não estão desesperadas. O principal encanto a descobrir é um modo de viver em comunidade quase utópico, criado pelas mulheres.

A vida das solteiras de Noiva do Cordeiro

Noiva do Cordeiro é uma espécie de fazenda, onde moram 350 pessoas – homens também. Os moradores calculam que a proporção entre os sexos é equilibrada. Muitos moradores têm relação de parentesco. São descendentes de dona Delina Fernandes, de 69 anos, apelidada de “Grande Mãe”. É um empecilho importante na hora de conseguir um pretendente. Quando não são parentes, a convivência próxima desde pequenos faz com que não haja espaço para o amor, além do fraternal. “Aqui é difícil se apaixonar”, diz Flávia Mediato Vieira, de 30 anos, solteira e prima distante de dona Delina.  “Tenho a impressão de que 80% das mulheres estão sozinhas.” Não há estatísticas oficiais sobre o estado civil dos moradores. Se os cálculos de Flávia estiverem certos, é quase o dobro da média nacional, de 46% de solteiras.

“As meninas não estão desesperadas”, diz Rosalee Fernandes Pereira, de 44 anos, filha de dona Delina. Casada, Rosalee criou uma página no Facebook em que reúne as reportagens sobre Noiva do corderio, para dar uma forcinha às solteiras. 

A página recebeu quase 15 mil curtidas. “As meninas não reclamarão se aparecem homens de bem por aqui”, afirma Rosalee. 

Ênfase, por favor, na expressão “de bem”. Como as mulheres de Noiva do Cordeiro não lançaram nenhum apelo por homens, elas não têm certeza de como surgiu a lenda das solteiras à procura de marido. 

Especulam que a brincadeira de uma das meninas, entrevistada em 2008 para um documentário de TV sobre vida comunitária na fazenda, tenha dado origem ao boato. Ela disse que faltavam homens por lá.

O comentário é, de certo modo, verdadeiro. Muitos dos homens da comunidade costumam trabalhar na capital ou em mineradoras na região. Por isso, passam a semana toda fora. Só retornam no sábado e no domingo para visitar as famílias.  

Quem fica à frente da fazenda são as mulheres. Elas não se intimidam. Criaram uma espécie de cooperativa para organizar a vida na comunidade e tomar as decisões juntas. São elas que realizam todas as tarefas, de capinar o mato a cortar lenha. Às terças-feiras, quintas e domingos, cuidam da lavoura. 

O sustento vem da venda de hortaliças na central de abastecimento de Belo Horizonte. A área para agricultura, de 41 hectares (equivalente a 41 campos de futebol), foi comprada usando crédito fundiário. Outra parte da renda vem da fabricação de produtos de limpeza e peças artesanais, como colchas, tapetes e lingeries, vendidos para comunidades próximas. “Nos unimos para sair da miséria e não ficar sozinhas, mas cada uma é dona de si”, diz Keila Fernandes, de 28 anos. Loira, com cachos perfeitamente arranjados, unhas e sobrancelhas feitas, nas horas vagas ela coloca o chapéu de palha de lado e se arrisca como cover da Lady Gaga, a cantora pop americana. Faz shows na região e grava clipes para seu canal do YouTube.

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A história da Comunidade Noiva do Cordeiro, remete aos anos de 1890, quando Maria Senhorinha de Lúna, toma uma decisão que, para a época, era vista como inaceitável. 

Moradora de Roças Novas, povoado do Município de Belo Vale-MG, ela se casou com o Francês Arthur Pierre e, após três meses de vida conjugal, resolveu abandonar o marido e viver com Francisco Augusto Fernandes de Araújo, conhecido como Chico Fernandes. 

Dessa união, nasceram nove filhos. A união de Maria Senhorinha e Chico Fernandes repercutiu negativamente para os moradores da região de Belo Vale, principalmente junto à Igreja Católica Local, que os excomungaram, a eles, e aos membros da família até a quarta geração.Um dos filhos do casal, Francisco Fernandes Filho, se casou com Geralcina Maria de Jesus e tiveram doze filhos. Dentre esses, um dos membros mais expressivos na comunidade Noiva do Cordeiro, essa é uma das fases cruciais. Nos anos de 1940, um pastor evangélico, por nome de Anísio Pereira, começou um trabalho de evangelização na região, e, em suas idas a essa comunidade, expressou o interesse de se casar com uma das moradora, Delina Fernandes Pereira. Na época do casamento, Delina estava com 16 anos de idade e Anísio com 43 anos. 

Dessa união, geraram quinze filhos. Anísio Pereira fundou então uma igreja Evangélica dentro da comunidade, chamando-a IGREJA NOIVA DO CORDEIRO, mais tarde com a chegada da energia elétrica o nome da igreja passou a ser também, da comunidade que ali vivia. As mudanças só viriam a ocorrer nos anos de 1990. Entre os membros da igreja, alguns começaram a questionar sobre as regras impostas pela doutrina. 

Esse acontecimento, aliado aos vários questionamentos sobre essas regras impostas e ditadas, levaram alguns participantes a se distanciarem da Igreja. 

Algum tempo depois, a Comunidade decidiu por extinguir a Igreja daquele local de maneira definitiva: então lá não existira mais religião institucionalizada, seja ela evangélica, católica, ou de outro credo, permanecendo tementes a Deus, mas livres dos dogmas e instituições religiosas.                  

O pastor Anísio Pereira veio a falecer em 1995. Até esta época a comunidade vivia uma realidade de pobreza extrema, a comunidade  formada or aproximadamente 250 mulheres e suas famílias.

Os homens, quando chegam à idade adulta, saem para trabalhar; ficam fora de segunda a sexta-feira e retornam nos finais de semana. a comunidade é mantida em sua maioria pelas mulheres.

No local de 16 hectares, além de um casarão centenário, há outras residências. Em uma delas, com quase vinte cômodos, vive a matriarca da Comunidade Noiva do Cordeiro, Delina Fernandes Pereira, e outras quase oitenta pessoas.

Delina adotou famílias inteiras que se encontravam em situações de risco, amparando a todos como filhos, gerando o espírito de convivência em comum onde nada é de ninguém, e tudo é de todos, Delina Fernandes, conseguiu plantar a sementinha da coletividade passando a ter uma forma de vida regida pelo amor, respeito e confiança entre os moradores, incentivando o trabalho em mutirões nas lavouras e nas demais atividades, transformando em uma comunidade autossustentável. 

Em 25 de Abril de 1999, foi realizada a reunião de fundação e posse da primeira diretoria da ACNC (Associação comunitária Noiva do Cordeiro) que teve como  convidado o ex-presidente da FETAMG de Montes Claros, Sr. Gil Leite, que apesar das dificuldades encontradas, a ACNC foi registrada e, hoje, em parceria com ONG's, locais governamentais e grupos de voluntários da comunidade, realizam atividades sociais em várias comunidades de Belo Vale. 

Em toda zona rural do Estado de Minas Gerais, a população tem grande dificuldade de sobrevivência, o que sempre leva os cidadãos à pratica do êxodo rural.

Pensando nessa possibilidade, em novembro de 1999, Delina conversou com as trabalhadoras rurais de Noiva do Cordeiro, Rosalee e Sônia, e convidam as donas de casa para reunirem suas máquinas de costura domésticas, começando a confeccionar lingeries. 

Em 2000, o Presidente da ACNC Iran Leite, Rosalee e Luciléia, lutaram e conseguiram através do Pró-renda Rural MG, para realizarem um curso de corte e costura para 19 mulheres da comunidade. 

Foi então um grande avanço para a comunidade, pois as mulheres sentiram-se motivadas e resolveram diversificar a produção e começaram também a fazer tapetes, roupas, colchas de retalhos, etc. 

Politicamente pediu mudanças, a comunidade atendeu fortalecendo-se nas eleições de 2004, quando Rosalee Fernandes Pereira, foi eleita vereadora com 279 votos, passando a ocupar uma vaga na Câmara Municipal de Belo Vale. 

Apaixonada pela arte, Delina encorajou a formação de grupos artísticos despertando nos jovens o desejo de descobrirem o teatro, a dança e o canto. 

Fizeram projetos em parceria com a Vale e Palácio das Artes em busca de formação profissional, conseguindo trazer cursos de teatro e canto, fato pioneiro em comunidades rurais. 

Atualmente a comunidade tem várias expressões artísticas, grupos de teatro, dança e canto. 

A dupla Sertaneja, Marcia e Maciel compõem canções que contam as histórias da comunidade, e já se apresentam em São Paulo.

"Noiva do Cordeiro foi agraciada quando nasceu Delina, uma única mulher transformou a vida de centenas de pessoas em um paraíso".

Este relato é dos mais de trezentos filhos de Delina.

          A dupla Sertaneja, produzindo musicas para o Mundo. Marcia e Maciel.

 

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